mt-19
O divórcio
1 Tendo Jesus concluído estas palavras, partiu da Galiléia, e foi para os confins da Judéia, além do Jordão;
2 e seguiram-no grandes multidões, e curou-os ali.
3 Aproximaram-se dele alguns fariseus que o experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
4 Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher,
5 e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne?
6 Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
Interpretação 1
A palavra divina não se refere apenas aos casos do coração. Os laços afetivos caracterizam se por alicerces sagrados e os compromissos conjugais ou domésticos sempre atendem a superiores desígnios. O homem não ludibriará os impositivos da lei, abusando de facilidades materiais para lisonjear os sentidos.
Quebrando a ordem que lhe rege os caminhos, desorganizará a própria existência. Os princípios equilibrantes da vida surgirão sempre, corrigindo e restaurando...
A advertência de Jesus, porém, apresenta para nós significação mais vasta.
“Não separeis o que Deus ajuntou” corresponde também ao “não perturbeis o que Deus harmonizou”.
Ninguém alegue desconhecimento do propósito divino, O dever, por mais duro, constitui sempre a Vontade do Senhor. E a consciência, sentinela vigilante do Eterno, a menos que esteja o homem dormindo no nível do bruto, permanece apta a discernir o que constitui “obrigação” e o que representa “fuga”.
O Pai criou seres e reuniuos.
Criou igualmente situações e coisas, ajustando-as para o bem comum.
Quem desarmoniza as obras divinas, prepare-se para a recomposição. Quem
lesa o Pai, algema o próprio “eu” aos resultados de sua ação infeliz e, por vezes, gasta séculos, desatando grilhões...
Na atualidade terrestre, esmagadora percentagem dos homens constitui-se de milhões em serviço reparador, depois de haverem separado o que Deus ajuntou,
perturbando, com o mal, o que a Providência estabelecera para o bem.
Prestigiemos as organizações do Justo Juiz que a noção do dever identifica para nós em todos os quadros do mundo. Ás vezes, é possível perturbar-lhe as obras
com sorrisos, mas seremos invariavelmente forçados a repará-las com suor e lágrimas.
Emmanuel - Caminho, Verdade e Vida - CAP 164
Interpretação 2
Aspiras a convivência dos espíritos de eleição com os quais te harmonizas agora, no entanto, trazes ainda na vida social e doméstica, o vínculo das uniões menos agradáveis que te compelem a frear impulsos e a sufocar os mais belos sonhos.
Não violentes, contudo, a lei que te preceitua semelhantes deveres.
Arrastamos, do passado ao presente, os débitos que as circunstâncias de hoje nos constrangem a revisar.
O esposo arbitrário e rude que te pede heroísmo constante é o mesmo homem de outras existências de cuja lealdade escarneceste, acentuando-lhe a feição agressiva e cruel.
Os filhinhos doentes que te desfalecem nos braços, cancerosos ou insanos, idiotizados ou paralíticos são as almas confiantes e ingênuas de anteriores experiências terrestres, que impeliste friamente às pavorosas quedas morais.
A companheira intransigente e obsedada, a envolver-te em farpas magnéticas de ciúme, não é outra senão a jovem que outrora embaiste com falsos juramentos de amor, enredando-lhe os pés em degradação e loucura.
Os pais e chefes tirânicos, sempre dispostos a te ferirem o coração, revelam a presença daqueles que te foram filhos em outras épocas, nos quai3 plantaste o
espinheiral do despotismo e do orgulho, hoje contigo para que lhes renoves o sentimento, ao preço de bondade e perdão sem limites.
Espíritos enfermos, passamos pelo educandário da reencarnação, qual se o mundo, transfigurado em sábio anestesista, nos retivesse no lar para que o tempo, à
feição de professor devotado, de prova em prova, efetue a cirurgia das lesões psíquicas de egoísmo e vaidade, viciação e intolerância que nos comprometem a
alma.
À frente, pois, das uniões menos simpáticas, saibamos suportá-las, de ânimo firme.
Divórcio, retirada, a rejeição e demissão, às vezes, constituem medidas justificáveis nas convenções humanas, mas quase sempre não passam de moratórias para resgate em condições mais difíceis, com juros de escorchar.
Ouçamos o íntimo de nós mesmos.
Enquanto a consciência se nos aflige, na expectativa de afastar-nos da obrigação, perante alguém, vibra em nós o sinal de que a divida permanece
Emmanuel - Livro da Esperança - CAP 76
7 Responderam-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?
8 Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio.
9 Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.]
10 Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.
11 Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado.
12 Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.
Jesus e as crianças
13 Então lhe trouxeram algumas crianças para que lhes impusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreenderam.
14 Jesus, porém, disse: Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus.
15 E, depois de lhes impor as mãos, partiu dali.
O homem rico
16 E eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?
17 Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos.
18 Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho;
19 honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
No devotamento dos pais, todos os filhos são jóias de luz, entretanto, para que compreendas certos antagonismos que te afligem no lar, é preciso saibas que,
entre os filhos companheiros, que te apóiam a alma, surgem os filhos credores, alcançando-te a vida, por instrutores de feição diferente.
Subtraindo-te aos choques de caráter negativo, no reencontro, preceitua a eterna bondade da Justiça Divina que a reencarnação funcione, reconduzindo-os à tua presença, através do berço. É Por isso que, a principio, não ombreiam contigo, em casa, como de igual para igual, porquanto reaparecem humildes e pequeninos.
Chegam frágeis e emudecidos para que lhes ensines a palavra de apaziguamento e brandura.
Não te rogam a liquidação de débitos na intimidade do gabinete, e sim procuram-te o colo para nova fase de entendimento.
Respiram-te o hálito e escoram-se em tuas mãos, instalando-se em teus passos para a transfiguração do próprio destino.
Embora desarmados, controlam-te os sentimentos.
Não obstante dependerem de ti, alteram-te as decisões com simples olhar.
De doces inspiradores do carinho, passam, com o tempo, à condição de examinadores constantes de tua estrada.
Governam-te impulsos, fiscalizam-te os gestos, observam-te as companhias e exigem-te as horas.
Aprendem novamente na escola do mundo com o teu amparo, todavia, à medida que se desenvolvem no conhecimento superior, transformam-se em inspetores intransigentes do teu grau de instrução.
Muitas vezes choras e sofres, tentando adivinhar lhes os pensamentos para que te percebam os testemunhos de amor.
Calas os próprios sonhos para que os sonhos deles se realizem.
Apagaste, pouco a pouco, para que fuljam em teu lugar.
Recebes todas as dores que te impõem à alma com sorrisos nos lábios, conquanto te amarfanhem o coração.
E nunca possuis o bastante para abrilhantar-lhes a existência, de vez que tudo lhes dás de ti mesmo, sem faturas de serviço e sem notas de pagamento.
Quando te vejas, diante de filhos crescidos lúcidos, erguidos à condição de dolorosos problemas do espírito, recorda que são eles credores do passado a te pedirem o resgate de velhas contas.
Busca auxiliá-los e sustentá-los com abnegação e ternura, ainda que isso te custe todos os sacrifícios, porque, no justo instante em que a consciência te afirme
tudo haveres efetuado para enriquecê-los de educação e trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado em silêncio, o luminoso certificado de tua própria libertação.
Emmanuel - Livro da Esperança - CAP 38
20 Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado; que me falta ainda?
21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue- me.
22 Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens.
O instinto de propriedade tem provocado grandes revoluções, ensanguentando os povos. Nas mais diversas regiões do planeta respiram homens inquietos pela posse material, ciosos de suas expressões temporárias e dispostos a morrer em sua defesa.
Isso demonstra que o homem ainda não aprendeu a possuir.
Com esta argumentação, não desejamos induzir a criatura a esquecer a formiga previdente, adotando por modelo a cigarra descuidosa. Apenas convidamos, a quem nos lê, a examinar a precariedade das posses efêmeras.
Cada conquista terrestre deveria ser aproveitada pela alma, como força de elevação.
O homem ganhará impulso santificante, compreendendo que só possui verdadeiramente aquilo que se encontra dentro dele, no conteúdo espiritual de sua vida. Tudo o que se relaciona com o exterior — como sejam: criaturas, paisagens e bens transitórios — pertence a Deus, que lhos concederá de acordo com os seus
méritos.
Essa realidade sentida e vivida constitui brilhante luz no caminho, ensinando ao discípulo a sublime lei do uso, para que a propriedade não represente fonte de inquietações e tristeza, como aconteceu ao jovem dos ensinamentos de Jesus.
Emmanuel - Caminho, Verdade e Vida - 149
23 Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus.
24 E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
25 Quando os seus discípulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e perguntaram: Quem pode, então, ser salvo?
26 Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.
Seja qual for a perturbação reinante, acalma-te e espera, fazendo o melhor que possas.
Lembra-te de que o Senhor Supremo pede serenidade para exprimir-se com segurança.
A terra que te sustenta o lar é uma faixa de forças tranqüilas.
O fruto que te nutre representa um ano inteiro de trabalho silencioso da árvore generosa.
Cada dia que se levanta é convite de Deus para que lhe atendamos à Obra Divina, em nosso próprio favor.
Se te exasperas, não Lhe assimilas o plano.
Se te afeiçoas à gritaria, não Lhe percebes a voz.
Conserva-te, pois, confiante, embora a preço de sacrifício.
Decerto, encontrarás ainda hoje, corações envenenados que destilam irritação e desgosto, medo e fel.
Ainda mesmo que te firam e apedrejem, aquieta-te e abençoa-os com a tua paz.
Os desesperados tornarão à harmonia, os doentes voltarão à saúde, os loucos serão curados, os ingratos despertarão...
É da Lei do Senhor que a luz domine a treva, sem ruído, sem violência.
Recorda-te que toda dor, como toda nuvem, forma-se, ensombra-se e passa...
Se outros gritam e oprimem, espancam e amaldiçoam, acalma-te e espera..
Não olvides a palavra do Mestre quando nos afirmou que a Deus tudo é possível, e, garantindo o teu próprio descanso, refugia-te em Deus.
Emmanuel - Palavras da Vida Eterna - CAP 33
Interpretação 2
Indiscutivelmente somos defrontados por situações embaraçosas, nas quais se nos
oprime o espírito ante a nossa incapacidade para conjurar-lhes a presença.
Isso te ocorre no mundo quase sempre:
quando os próprios erros elastecidos assumem aos teus olhos a feição de males sem
remédio;
quando a saúde física se te revela positivamente arruinada;
quando um ente querido parece haver chegado às raias da morte;
quando te vês sob aflições e desencantos por negócios francamente infelizes;
quando a injúria te arrasa a imagem à frente do teu círculo social;
quando afetos extremamente queridos te abandonam;
quando alguém te acusa por delitos que não cometeste;
quando caíste em alguma falta grave e todas as oportunidades de reparação se te
afiguram perdidas. . .
Ainda hoje, dolorosos desafios talvez te cerquem... Sejam quais forem, no entanto, ora e
confia, trabalha e espera.
* * *
Em verdade, todos nós renteamos com embaraços para a transposição dos quais somos
absolutamente incapazes. Ante qualquer dificuldade, porém, recordemos a afirmação
positiva do Mestre: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível.
Emmanuel - Benção de Paz - CAP 44
27 Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós?
A pergunta do apóstolo exprime a atitude de muitos corações nos templos religiosos.
Consagra-se o homem a determinado círculo de fé e clama, de imediato: - "Que receberei?"
A resposta, porém, se derrama silenciosa, através da própria vida.
Que recebe o grão maduro, após a colheita?
O triturador que o ajuda a purificar-se.
Que prêmio se reserva à farinha alva e nobre?
O fermento que a transforma para a utilidade geral.
Que privilégio caracteriza o pão, depois do forno?
A graça de servir.
Não se formam cristãos para adornos vivos do mundo e sim para a ação regeneradora e santificante da existência.
Outrora, os servidores da realeza humana recebiam o espólio dos vencidos e, com eles, se rodeavam de gratificações de natureza física, com as quais abreviavam a própria morte.
Em Cristo, contudo, o quadro é diverso.
Vencemos, em’ companhia dele, para nos fazermos irmãos de quantos nos partilham a experiência, guardando a obrigação de ampará-los e ser-lhes úteis.
Simão Pedro, que desejou saber qual lhe seria a recompensa pela adesão à Boa Nova, viu, de perto, a necessidade da renúncia. Quanto mais se lhe acendrou a fé, maiores testemunhos de amor à Humanidade lhe foram requeridos. Quanto mais conhecimento adquiriu, a mais ampla caridade foi constrangido, até o sacrifício
extremo.
Se deixaste, pois, por devoção a Jesus, os laços que te prendiam às zonas inferiores da vida, recorda que, por felicidade tua, recebeste do Céu a honra de ajudar, a prerrogativa de entender e a glória de servir.
28 Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.
29 E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.
Neste versículo do Evangelho de Mateus, o Mestre Divino nos induz ao dever de renunciar aos bens do mundo para alcançar a vida eterna. Há necessidade,
proclama o Messias, de abandonar pai e mãe, mulher e irmãos do mundo. No entanto, é necessário esclarecer como renunciar.
Jesus explica que o êxito pertencerá aos que assim procederem por amor de seu nome.
A primeira vista, o alvitre divino parece contrasenso.
Como olvidar os sagrados deveres da existência, se o Cristo veio até nós para santificálos?
Os discípulos precipitados não souberam atingir o sentido do texto, nos tempos mais antigos.
Numerosos irmãos de ideal recolheram-se à sombra do claustro, esquecendo obrigações superiores e inadiáveis.
Fácil, porém, reconhecer como o Cristo renunciou.
Aos companheiros que o abandonaram aparece, glorioso, na ressurreição.
Não obstante as hesitações dos amigos, divide com eles, no cenáculo, os júbilos eternos. Aos homens ingratos que o crucificaram oferece sublime roteiro de salvação com o Evangelho e nunca se descuidou um minuto das criaturas.
Observemos, portanto, o que representa renunciar por amor ao Cristo. É perder as esperanças da Terra, conquistando as do Céu.
Se os pais são incompreensíveis, se a companheira é ingrata, se os irmãos parecem cruéis, é preciso renunciar à alegria de tê-los melhores ou perfeitos, unindo-nos,
ainda mais, a eles todos, a fim de trabalhar no aperfeiçoamento com Jesus.
Acaso, não encontras compreensão no lar? Os amigos e irmãos são indiferentes e rudes?
Permanece ao lado deles, mesmo assim, esperando para mais tarde o júbilo de encontrar os que se afinam perfeitamente contigo. Somente desse modo renunciarás aos teus, fazendo-lhes todo o bem por dedicação ao Mestre, e, somente com semelhante renúncia, alcançarás a vida eterna.
Emmanuel - Caminho, Verdade e Vida - CAP 154
30 Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.
1 Tendo Jesus concluído estas palavras, partiu da Galiléia, e foi para os confins da Judéia, além do Jordão;
2 e seguiram-no grandes multidões, e curou-os ali.
3 Aproximaram-se dele alguns fariseus que o experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
4 Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher,
5 e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne?
6 Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
Interpretação 1
A palavra divina não se refere apenas aos casos do coração. Os laços afetivos caracterizam se por alicerces sagrados e os compromissos conjugais ou domésticos sempre atendem a superiores desígnios. O homem não ludibriará os impositivos da lei, abusando de facilidades materiais para lisonjear os sentidos.
Quebrando a ordem que lhe rege os caminhos, desorganizará a própria existência. Os princípios equilibrantes da vida surgirão sempre, corrigindo e restaurando...
A advertência de Jesus, porém, apresenta para nós significação mais vasta.
“Não separeis o que Deus ajuntou” corresponde também ao “não perturbeis o que Deus harmonizou”.
Ninguém alegue desconhecimento do propósito divino, O dever, por mais duro, constitui sempre a Vontade do Senhor. E a consciência, sentinela vigilante do Eterno, a menos que esteja o homem dormindo no nível do bruto, permanece apta a discernir o que constitui “obrigação” e o que representa “fuga”.
O Pai criou seres e reuniuos.
Criou igualmente situações e coisas, ajustando-as para o bem comum.
Quem desarmoniza as obras divinas, prepare-se para a recomposição. Quem
lesa o Pai, algema o próprio “eu” aos resultados de sua ação infeliz e, por vezes, gasta séculos, desatando grilhões...
Na atualidade terrestre, esmagadora percentagem dos homens constitui-se de milhões em serviço reparador, depois de haverem separado o que Deus ajuntou,
perturbando, com o mal, o que a Providência estabelecera para o bem.
Prestigiemos as organizações do Justo Juiz que a noção do dever identifica para nós em todos os quadros do mundo. Ás vezes, é possível perturbar-lhe as obras
com sorrisos, mas seremos invariavelmente forçados a repará-las com suor e lágrimas.
Emmanuel - Caminho, Verdade e Vida - CAP 164
Interpretação 2
Aspiras a convivência dos espíritos de eleição com os quais te harmonizas agora, no entanto, trazes ainda na vida social e doméstica, o vínculo das uniões menos agradáveis que te compelem a frear impulsos e a sufocar os mais belos sonhos.
Não violentes, contudo, a lei que te preceitua semelhantes deveres.
Arrastamos, do passado ao presente, os débitos que as circunstâncias de hoje nos constrangem a revisar.
O esposo arbitrário e rude que te pede heroísmo constante é o mesmo homem de outras existências de cuja lealdade escarneceste, acentuando-lhe a feição agressiva e cruel.
Os filhinhos doentes que te desfalecem nos braços, cancerosos ou insanos, idiotizados ou paralíticos são as almas confiantes e ingênuas de anteriores experiências terrestres, que impeliste friamente às pavorosas quedas morais.
A companheira intransigente e obsedada, a envolver-te em farpas magnéticas de ciúme, não é outra senão a jovem que outrora embaiste com falsos juramentos de amor, enredando-lhe os pés em degradação e loucura.
Os pais e chefes tirânicos, sempre dispostos a te ferirem o coração, revelam a presença daqueles que te foram filhos em outras épocas, nos quai3 plantaste o
espinheiral do despotismo e do orgulho, hoje contigo para que lhes renoves o sentimento, ao preço de bondade e perdão sem limites.
Espíritos enfermos, passamos pelo educandário da reencarnação, qual se o mundo, transfigurado em sábio anestesista, nos retivesse no lar para que o tempo, à
feição de professor devotado, de prova em prova, efetue a cirurgia das lesões psíquicas de egoísmo e vaidade, viciação e intolerância que nos comprometem a
alma.
À frente, pois, das uniões menos simpáticas, saibamos suportá-las, de ânimo firme.
Divórcio, retirada, a rejeição e demissão, às vezes, constituem medidas justificáveis nas convenções humanas, mas quase sempre não passam de moratórias para resgate em condições mais difíceis, com juros de escorchar.
Ouçamos o íntimo de nós mesmos.
Enquanto a consciência se nos aflige, na expectativa de afastar-nos da obrigação, perante alguém, vibra em nós o sinal de que a divida permanece
Emmanuel - Livro da Esperança - CAP 76
7 Responderam-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?
8 Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio.
9 Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.]
10 Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.
11 Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado.
12 Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.
Jesus e as crianças
13 Então lhe trouxeram algumas crianças para que lhes impusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreenderam.
14 Jesus, porém, disse: Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus.
15 E, depois de lhes impor as mãos, partiu dali.
O homem rico
16 E eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?
17 Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos.
18 Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho;
19 honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
No devotamento dos pais, todos os filhos são jóias de luz, entretanto, para que compreendas certos antagonismos que te afligem no lar, é preciso saibas que,
entre os filhos companheiros, que te apóiam a alma, surgem os filhos credores, alcançando-te a vida, por instrutores de feição diferente.
Subtraindo-te aos choques de caráter negativo, no reencontro, preceitua a eterna bondade da Justiça Divina que a reencarnação funcione, reconduzindo-os à tua presença, através do berço. É Por isso que, a principio, não ombreiam contigo, em casa, como de igual para igual, porquanto reaparecem humildes e pequeninos.
Chegam frágeis e emudecidos para que lhes ensines a palavra de apaziguamento e brandura.
Não te rogam a liquidação de débitos na intimidade do gabinete, e sim procuram-te o colo para nova fase de entendimento.
Respiram-te o hálito e escoram-se em tuas mãos, instalando-se em teus passos para a transfiguração do próprio destino.
Embora desarmados, controlam-te os sentimentos.
Não obstante dependerem de ti, alteram-te as decisões com simples olhar.
De doces inspiradores do carinho, passam, com o tempo, à condição de examinadores constantes de tua estrada.
Governam-te impulsos, fiscalizam-te os gestos, observam-te as companhias e exigem-te as horas.
Aprendem novamente na escola do mundo com o teu amparo, todavia, à medida que se desenvolvem no conhecimento superior, transformam-se em inspetores intransigentes do teu grau de instrução.
Muitas vezes choras e sofres, tentando adivinhar lhes os pensamentos para que te percebam os testemunhos de amor.
Calas os próprios sonhos para que os sonhos deles se realizem.
Apagaste, pouco a pouco, para que fuljam em teu lugar.
Recebes todas as dores que te impõem à alma com sorrisos nos lábios, conquanto te amarfanhem o coração.
E nunca possuis o bastante para abrilhantar-lhes a existência, de vez que tudo lhes dás de ti mesmo, sem faturas de serviço e sem notas de pagamento.
Quando te vejas, diante de filhos crescidos lúcidos, erguidos à condição de dolorosos problemas do espírito, recorda que são eles credores do passado a te pedirem o resgate de velhas contas.
Busca auxiliá-los e sustentá-los com abnegação e ternura, ainda que isso te custe todos os sacrifícios, porque, no justo instante em que a consciência te afirme
tudo haveres efetuado para enriquecê-los de educação e trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado em silêncio, o luminoso certificado de tua própria libertação.
Emmanuel - Livro da Esperança - CAP 38
20 Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado; que me falta ainda?
21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue- me.
22 Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens.
O instinto de propriedade tem provocado grandes revoluções, ensanguentando os povos. Nas mais diversas regiões do planeta respiram homens inquietos pela posse material, ciosos de suas expressões temporárias e dispostos a morrer em sua defesa.
Isso demonstra que o homem ainda não aprendeu a possuir.
Com esta argumentação, não desejamos induzir a criatura a esquecer a formiga previdente, adotando por modelo a cigarra descuidosa. Apenas convidamos, a quem nos lê, a examinar a precariedade das posses efêmeras.
Cada conquista terrestre deveria ser aproveitada pela alma, como força de elevação.
O homem ganhará impulso santificante, compreendendo que só possui verdadeiramente aquilo que se encontra dentro dele, no conteúdo espiritual de sua vida. Tudo o que se relaciona com o exterior — como sejam: criaturas, paisagens e bens transitórios — pertence a Deus, que lhos concederá de acordo com os seus
méritos.
Essa realidade sentida e vivida constitui brilhante luz no caminho, ensinando ao discípulo a sublime lei do uso, para que a propriedade não represente fonte de inquietações e tristeza, como aconteceu ao jovem dos ensinamentos de Jesus.
Emmanuel - Caminho, Verdade e Vida - 149
23 Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus.
24 E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
25 Quando os seus discípulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e perguntaram: Quem pode, então, ser salvo?
26 Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.
Seja qual for a perturbação reinante, acalma-te e espera, fazendo o melhor que possas.
Lembra-te de que o Senhor Supremo pede serenidade para exprimir-se com segurança.
A terra que te sustenta o lar é uma faixa de forças tranqüilas.
O fruto que te nutre representa um ano inteiro de trabalho silencioso da árvore generosa.
Cada dia que se levanta é convite de Deus para que lhe atendamos à Obra Divina, em nosso próprio favor.
Se te exasperas, não Lhe assimilas o plano.
Se te afeiçoas à gritaria, não Lhe percebes a voz.
Conserva-te, pois, confiante, embora a preço de sacrifício.
Decerto, encontrarás ainda hoje, corações envenenados que destilam irritação e desgosto, medo e fel.
Ainda mesmo que te firam e apedrejem, aquieta-te e abençoa-os com a tua paz.
Os desesperados tornarão à harmonia, os doentes voltarão à saúde, os loucos serão curados, os ingratos despertarão...
É da Lei do Senhor que a luz domine a treva, sem ruído, sem violência.
Recorda-te que toda dor, como toda nuvem, forma-se, ensombra-se e passa...
Se outros gritam e oprimem, espancam e amaldiçoam, acalma-te e espera..
Não olvides a palavra do Mestre quando nos afirmou que a Deus tudo é possível, e, garantindo o teu próprio descanso, refugia-te em Deus.
Emmanuel - Palavras da Vida Eterna - CAP 33
Interpretação 2
Indiscutivelmente somos defrontados por situações embaraçosas, nas quais se nos
oprime o espírito ante a nossa incapacidade para conjurar-lhes a presença.
Isso te ocorre no mundo quase sempre:
quando os próprios erros elastecidos assumem aos teus olhos a feição de males sem
remédio;
quando a saúde física se te revela positivamente arruinada;
quando um ente querido parece haver chegado às raias da morte;
quando te vês sob aflições e desencantos por negócios francamente infelizes;
quando a injúria te arrasa a imagem à frente do teu círculo social;
quando afetos extremamente queridos te abandonam;
quando alguém te acusa por delitos que não cometeste;
quando caíste em alguma falta grave e todas as oportunidades de reparação se te
afiguram perdidas. . .
Ainda hoje, dolorosos desafios talvez te cerquem... Sejam quais forem, no entanto, ora e
confia, trabalha e espera.
* * *
Em verdade, todos nós renteamos com embaraços para a transposição dos quais somos
absolutamente incapazes. Ante qualquer dificuldade, porém, recordemos a afirmação
positiva do Mestre: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível.
Emmanuel - Benção de Paz - CAP 44
27 Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós?
A pergunta do apóstolo exprime a atitude de muitos corações nos templos religiosos.
Consagra-se o homem a determinado círculo de fé e clama, de imediato: - "Que receberei?"
A resposta, porém, se derrama silenciosa, através da própria vida.
Que recebe o grão maduro, após a colheita?
O triturador que o ajuda a purificar-se.
Que prêmio se reserva à farinha alva e nobre?
O fermento que a transforma para a utilidade geral.
Que privilégio caracteriza o pão, depois do forno?
A graça de servir.
Não se formam cristãos para adornos vivos do mundo e sim para a ação regeneradora e santificante da existência.
Outrora, os servidores da realeza humana recebiam o espólio dos vencidos e, com eles, se rodeavam de gratificações de natureza física, com as quais abreviavam a própria morte.
Em Cristo, contudo, o quadro é diverso.
Vencemos, em’ companhia dele, para nos fazermos irmãos de quantos nos partilham a experiência, guardando a obrigação de ampará-los e ser-lhes úteis.
Simão Pedro, que desejou saber qual lhe seria a recompensa pela adesão à Boa Nova, viu, de perto, a necessidade da renúncia. Quanto mais se lhe acendrou a fé, maiores testemunhos de amor à Humanidade lhe foram requeridos. Quanto mais conhecimento adquiriu, a mais ampla caridade foi constrangido, até o sacrifício
extremo.
Se deixaste, pois, por devoção a Jesus, os laços que te prendiam às zonas inferiores da vida, recorda que, por felicidade tua, recebeste do Céu a honra de ajudar, a prerrogativa de entender e a glória de servir.
28 Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.
29 E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.
Neste versículo do Evangelho de Mateus, o Mestre Divino nos induz ao dever de renunciar aos bens do mundo para alcançar a vida eterna. Há necessidade,
proclama o Messias, de abandonar pai e mãe, mulher e irmãos do mundo. No entanto, é necessário esclarecer como renunciar.
Jesus explica que o êxito pertencerá aos que assim procederem por amor de seu nome.
A primeira vista, o alvitre divino parece contrasenso.
Como olvidar os sagrados deveres da existência, se o Cristo veio até nós para santificálos?
Os discípulos precipitados não souberam atingir o sentido do texto, nos tempos mais antigos.
Numerosos irmãos de ideal recolheram-se à sombra do claustro, esquecendo obrigações superiores e inadiáveis.
Fácil, porém, reconhecer como o Cristo renunciou.
Aos companheiros que o abandonaram aparece, glorioso, na ressurreição.
Não obstante as hesitações dos amigos, divide com eles, no cenáculo, os júbilos eternos. Aos homens ingratos que o crucificaram oferece sublime roteiro de salvação com o Evangelho e nunca se descuidou um minuto das criaturas.
Observemos, portanto, o que representa renunciar por amor ao Cristo. É perder as esperanças da Terra, conquistando as do Céu.
Se os pais são incompreensíveis, se a companheira é ingrata, se os irmãos parecem cruéis, é preciso renunciar à alegria de tê-los melhores ou perfeitos, unindo-nos,
ainda mais, a eles todos, a fim de trabalhar no aperfeiçoamento com Jesus.
Acaso, não encontras compreensão no lar? Os amigos e irmãos são indiferentes e rudes?
Permanece ao lado deles, mesmo assim, esperando para mais tarde o júbilo de encontrar os que se afinam perfeitamente contigo. Somente desse modo renunciarás aos teus, fazendo-lhes todo o bem por dedicação ao Mestre, e, somente com semelhante renúncia, alcançarás a vida eterna.
Emmanuel - Caminho, Verdade e Vida - CAP 154
30 Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.